O que é que o lúpulo tem?

OPA BIER conta tudo sobre essa flor aromática para celebrar a chegada da primavera

A primavera brasileira sempre chega acompanhada de outra data igualmente querida: o Dia da Árvore. Celebrada em 21 de setembro justamente pela proximidade com a estação das flores, a data sempre leva à reflexão sobre a natureza e a forma como nos relacionamos com ela. E como não poderia deixar de ser, é dela que saem todos os nossos insumos cervejeiros, mas hoje iremos falar do mais verde deles, o lúpulo!

Essa árvore – na verdade, planta – é da família das trepadeiras. E o lúpulo tem muito mais a ver com a primavera do que se imagina, pois a parte que se usa na produção cervejeira é justamente a sua flor. Mais precisamente, as flores da planta “fêmea” do lúpulo. É nela que estão localizados os grânulos de lupulina, que possuem as resinas e óleos usados no preparo da cerveja.

Lúpulo na cerveja: o começo

Antes de ser utilizado na receita da cerveja, o lúpulo já era cultivado na França e na Alemanha por volta do século 8. Monges que usavam a planta por conta de suas propriedades medicinais, com efeito relaxante, cuidavam das plantações.

Os primeiros registros do uso do lúpulo na produção de cerveja também datam do século 8. A evidência mais aceita do primeiro campo de cultivo de lúpulo é do ano de 736, no jardim de um prisioneiro de origem eslava, próximo ao distrito de Gensenfeld, em Hallertau, onde hoje fica a Alemanha. Já em 1067, as qualidades do lúpulo na fabricação de cervejas foram descritas por Hildegard Von Bingen. A importância do lúpulo foi tão estabelecida que, em 1516, quando o duque Guilherme IV da Baviera instituiu a Lei de Pureza da Cerveja (Reinheitsgebot), já determinava que o lúpulo fosse um dos ingredientes primordiais.

Mas afinal, o que o lúpulo faz na cerveja?

As flores do lúpulo tem duas funções principais na produção da cerveja: elas conferem o amargor e o aroma característicos da bebida. A engenheira de alimentos e cervejeira sênior da OPA BIER, Mariana Moraes, explica que o lúpulo funciona como um tempero, já que os alfa ácidos presentes na planta são responsáveis pelo amargor, enquanto os óleos essenciais contribuem para os aromas. Mas além de compor a essência e o sabor das cervejas, o lúpulo ainda atua como um conservante natural por conta de seu efeito bacteriostático, que impede a propagação de bactérias e ainda favorece as leveduras durante a fermentação.

Existem mais de cem variedades diferentes de lúpulo no mundo que se diferenciam, por exemplo, pela quantidade de alfa e beta ácidos e de óleos essenciais, o que interfere diretamente nos resultados de sabor e aroma das bebidas.

Considerando isso, trabalhar o lúpulo para conseguir o resultado desejado é uma das alquimias essenciais na cervejaria, por isso, ele pode entrar mais de uma vez na receita da cerveja, em diferentes etapas. “O lúpulo pode ser utilizado tanto na parte quente do processo (fervura do mosto) como na parte fria, onde o lúpulo é adicionado na cerveja dentro do tanque fermentador, desse modo extraímos uma maior quantidade de óleo essencial e uma pequena quantidade de alfa ácidos não isomerizados, com isso garantimos um aroma de frescor maior à cerveja”, explica a técnica cervejeira.

Com toda essa complexidade, não é de surpreender que alguns estilos de cerveja se aproveitem de toda a intensidade que o lúpulo pode proporcionar. Mariana explica que os estilos que apreciam um perfil mais complexo de lúpulo ao adicionar diferentes variedades em momentos distintos da produção são os que estão nas escolas Inglesa e Americana. O estilo mais conhecido e lembrado é a famosa IPA (India Pale Ale), que harmoniza muito bem com hambúrgueres, torta de frango com massa podre e costelinha ao molho barbecue. Da escola americana, a American Pale Ale é uma das que mais se destaca e vai bem com cachorro-quente, tacos mexicanos e churrasco.

Mariana conta que, como a OPA BIER produz diversos estilos de cervejas, os lúpulos são utilizados para evidenciar as características de cada uma delas, apresentando equilíbrio entre amargor, sabor e aroma. Além disso, todos os lúpulos usados na OPA atualmente são importados, sendo a maioria proveniente dos Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e República Tcheca, devido à alta qualidade alcançada na produção do lúpulo.

Além da cerveja

Apenas com o que faz pela cerveja o lúpulo já teria cumprido sua razão de existir, mas essa plantinha tem ainda mais a oferecer. A planta é estudada por cientistas porque contém alguns flavonoides que atuam contra o câncer e doenças cardiovasculares, como o Xanthohumol e Iso-Xanthohu. Ela também possui substâncias antioxidantes, que atuam contra radicais livres e auxiliam na prevenção do envelhecimento celular.

Mas cultivar o lúpulo não é tarefa muito fácil, isso porque a planta tem uma série de exigências para se desenvolver. Ela cresce melhor em climas frios, e por isso é bastante cultivada na Europa e na América do Norte, onde são produzidos os tipos mais famosos. Algumas espécies, porém, têm apresentado bons resultados de cultivo em países como a Nova Zelândia, Austrália, Japão, parte da região andina da Argentina e até mesmo no Brasil, onde já há cultivos na Serra da Mantiqueira, no interior de São Paulo, com temperatura e umidade propícias, no Rio de Janeiro, onde existem grandes produtores de lúpulo em desenvolvimento numa área com longo tempo de exposição solar e até aqui por Santa Catarina já tem produtor se aventurando nesse cultivo.

E agora que você já está sabendo tudo sobre o lúpulo, que tal comemorar o Dia da Árvore e a chegada da primavera (e o fim do inverno, por que não?) saboreando uma fresca e IPA da OPA?

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